A JUMENTA DE BALAÃO


O livro de Números é pródigo em figuras enigmáticas
, mas não fictícias. Uma delas aparece no capítulo 22, é Balaão, vidente, que profetizava com os olhos abertos, não era israelita. Este homem recebeu uma comissão do rei moabita Balaque. O pedido era urgente: amaldiçoar um povo desconhecido que estava acampado defronte dele. Eram numerosos e tinham a fama de destruir tudo pelo caminho. A transação envolvia dinheiro, muito dinheiro. Era a senha que Balaão precisava para obter a pretensão.

Balaão receou, pediu tempo, negaceou, mas o butim era farto. Os princípes dormiram em sua casa, esperando uma resposta favorável a Balaque, mas ela não veio. No outro dia Balaão lhes avisou que o povo israelita, aquele que estava diante do reino moabita, era inamaldiçoável (nem sei se existe esta palavra). Os mensageiros voltaram com a triste nova, e Balaque tornou a enviar mensageiros mais honrados que os anteriores. Não sabemos se na primeira visita os presentes foram aceitos.

Se Balaão fosse um verdadeiro homem de Deus, não deixaria este segundo grupo sequer entrar em sua casa, mas num jogo de cena disse que fizessem um novo teste com o Senhor. Diante de uma resposta contida do mesmo, que conhecia a intenção de Balaão e queria que este abençoasse o povo, ao invés de amaldiçoá-lo, os princípes foram despedidos, enquanto Balaão albardava sua jumenta e seguia ao encontro de Balaque. Dá até para imaginar sua pressa em atender o chamado do "home", bem diferente de Eliseu, que sequer veio receber Naamã, para não ser tentado por seus presentes.

No caminho a jumenta desviou para o campo, por razões até o momento inexplicáveis para Balaão, machucou seu pé quando este a fez voltar para a estrada apertada. Até que Deus abre a boca da jumenta, que repreende duramente o profeta, para, em seguida, abrir-lhe os olhos para que veja a ameaça que atemoriza o indefeso animal. Além das conotações incríveis do restante da história, que daria um bom livro ou centenas de posts, se é que já não o fizeram, há este incógnito animal. Daquele dia em diante a jumenta de Balaão se tornou uma metáfora para situações do cotidiano em que por meios absolutamente improváveis segundo os homens, Deus dá uma lição nos supostos justos de determinada situação.

A jumenta de Balaão fala quando os justos se calam. Não apenas o calar da voz, mas o assentir, a conivência impensável, a omissão gratuita, a auferição do lucro em troca de concordância, a ânsia de promoção pessoal. Várias vezes no cenário israelita apareceu uma situação em que os profetas eram comprados. Obtinham favores reais e se tornavam cegos para o que viam e surdos para o que ouviam. O suborno, a comida da mesa real, as instalações confortáveis, a luta pela sobrevivência, o medo do futuro os fazia calar.

Nossos dias não são diferentes. A jumenta de Balaão está sendo usada para falar a nós. Do bispo Cappio aos terroristas do World Trade Center, das comemorações consumistas natalinas aos homens bomba do Iraque, da mídia com seu apelo sexual aos homens objeto que só avaliam pelo que vêem ou pegam. Entretanto, a jumenta só fala em situações nas quais o dinheiro cega o profeta. Quando a recompensa se torna tão importante, que ele só mentaliza a experiência de se apossar da vantagem, usufruindo cada momento conquistado pela sua disposição em ser consagrado. Um prêmio por sua vocação.

Estas reinvindicações de nossos dias, sejam teologia da prosperidade, teísmo aberto, inserção na política partidária, mundanismo, abandono da oração, do jejum e da Bíblia, e milhares de outras novidades, nada mais são que jumentas de Balaão, que Deus tem permitido a apertar nossos pés, e jogar nossos projetos pelo ar. Se você não as está ouvindo, então seu caso é mais grave do que se pensa!

 

A jumenta era um excelente exemplo de subsmissão, obediêcia e certamente teria a atitude de livrar o seu senhor da morte. Deus usa apenas aqueles que lhe obececem, que lhe serve, que serve uns aos outros MT 10: 42.

 

Reveja o ditado popular entre os crentes “Deus usa quem Ele quer”.

 

Existem condições para que o Senhor nos use.

 

Gaça e Paz seja com todos!

 

Pastor Josué Silva.